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50 anos de golpe militar une alunos do Objetivo e Anglo

Jornal de Jales
Edição 26 de outubro de 2014
Uma reflexão sobre os 50 anos do golpe militar no Brasil desfechado em 1964 foi o tema do 2º Café Filosófico, realizado quinta-feira, dia 23 de outubro, às 14 horas, na Câmara Municipal de Jales.
Cerca de 300 alunos do Ensino Médio da Cooperjales/Objetivo e do Colégio XV de Abril/Anglo estiveram presentes no encontro conduzido pelo professor Willy, do Objetivo, com apoio da direção das duas escolas.
O tema foi escolhido pelos próprios alunos, assim como aconteceu em 2013, quando o debate versou sobre religiosidade com abordagem de representantes das mais variadas denominações.
Desta vez, os convidados para relatar sua visão sobre o golpe militar foram a sra. Naomi Okajima Rollemberg, a professora aposentada Regina Berbert Pereira e seu filho, o advogado Rodrigo, e o jornalista Deonel Rosa Junior.
As falas dos palestrantes foram entremeadas com apresentações de música popular brasileira, com canções compostas no período pós-intervenção militar.
Em sua fala Naomi Rollemberg fez um relato da carreira política de seu falecido marido Roberto Rollemberg, que foi vereador e prefeito de Jales, tendo sido cassado quando exercia mandato de deputado estadual, em dezembro de 1968, na edição do Ato Institucional nº 5.
Em tom emocionado, ela se referiu também às prisões do marido, principalmente uma em que ele retornava de Votuporanga e só deve tempo de se despedir dela e dos quatro filhos, recomendando-lhes que tivessem calma e confiança. Em 1979, após a Anistia, ele voltou à atividade política, elegendo-se deputado federal em 1982, reelegendo-se em 86 e 1990, tendo sido também Secretário de Governo na gestão do governador Orestes Quércia.
A história do militante político Ruy Carlos Vieira Berbert, que era estudante da USP quando misteriosamente desapareceu no início dos anos 70, foi abordada por sua irmã Regina e seu sobrinho Rodrigo. Nos documentos oficiais, os militares fizeram constar que ele havia se suicidado em uma cadeia de Natividade, interior de Goiás.
Inconformados, seus familiares, liderados pelo pai Ruy Berbert, com a participação da irmã Regina,que tinham se mudado para Jales, vindos de Presidente Prudente, dedicaram parte de suas vidas a desfazer a farsa.
O advogado Rodrigo, filho de Regina, informou que levou recentemente o caso do tio Ruy Carlos à Comissão Nacional da Verdade, pleiteando retificação da certidão de óbito, até como forma de reparação histórica.
O jornalista Deonel Rosa Junior, diretor do Jornal de Jales, relatou experiências pessoais vividas desde o ano que antecedeu o golpe ,quando era estudante secundarista em Olímpia.
Também contou sobre a dificuldade que os jornalistas tinham de exercer a profissão dado o ambiente de censura reinante., citando ainda fatos por ele vivenciados envolvendo políticos ligados ao regime militar.
Disse ele ter sido testemunha do episódio em que o então governador Paulo Egydio Martins, de passagem por Jales, em 1977, recebeu telefonema de D. Paulo Evaristo Arns, então cardeal arcebispo de São Paulo, denunciando o assassinato de um preso político nas dependências do DOI-CODI .